sexta-feira, 30 de outubro de 2009

A MAIOR PERDA DE ACM

POR JOÃO MILTON SANTOS
A força política e a força física do Senador Antonio Carlos Peixoto Magalhães foram desconstruídas a partir da perda de políticos importantes na sua bancada e da queda gradativa de sua saúde, que terminaram influenciando nos resultados negativos nas eleições de 2006 e com a sua piora no estado de saúde.

A maior e mais inegável foi à perda do filho Deputado Federal Luiz Eduardo Magalhães. Nota-se quando a aposta é grande a quebra é maior. A morte do deputado provavelmente abalou o emocional de ACM refletindo nos resultados eleitorais desfavoráveis ao grupo carlista e abalando seu próprio organismo.

O senador elogiava o filho como degustava um prato predileto ou como estivesse participando de uma grande disputa eleitoral com um grande inimigo político-para ele esse tipo de disputa lhe dava muito prazer. Foi com esse espírito que o senador sentiu e comentou a entrada e a saída súbita de Luiz Eduardo na política.

Com a entrada de Luiz Eduardo na política carlista, logo assume o papel de “apagar o fogo” quando o pai entrava em rota de coalizão com adversários. O filho depois pedia desculpas e tudo era combinado entre eles. Sendo assim, o chefe não precisava pedir desculpas aos adversários fora dos holofotes midiáticos como lembra João Carlos Teixeira, ex-assessor de comunicação da prefeitura de Salvador - do então prefeito Antonio Carlos em 1975 - e autor do livro Memória das Trevas e editor do falido ou extinto Jornal da Bahia.

“Ele tem as minhas virtudes e não tem os meus defeitos”, comentou o senador algumas vezes com seus correligionários. Os militantes de vários matizes políticas sabem que o deputado ultrapassou e galgou barreiras além do ambiente familiar estabelecendo vôo próprio desvencilhando-se da imagem de filho do Senador Antonio Carlos Peixoto de Magalhães.

Assim como todo pai, Antonio Carlos queria que LE fosse seu herdeiro no comando do carlismo e colhesse os frutos plantados por ele na política. Sendo assim, ficava difícil do deputado se desvencilhar de toda uma articulação planejada para ele desde criança e seguisse outro caminho, com luz própria, identidade diferente, roupagem política adaptada aos tempos da globalização. Mesmo assim, ele conseguiu e o fez muito bem o deslocamento da figura do pai sem deixar de seguir alguns traços considerados por ele importantes como, por exemplo, a articulação política através da atenção ao povo.


O deputado dava sempre um retoque a mais, no que ele considerava traços positivos e importantes de ACM. Na questão da atenção ao povo, por exemplo, ele não dava só aos aliados de primeira ia além destes. Ele também trocava figurinhas, fazia discussões chegando a fazer acordos com os adversários. As forças políticas o respeitavam por ser considerado um político que sempre cumpriu os acordos.


O Deputado Luiz Eduardo Magalhães era duro na defesa de suas posições, mas afável no contato e até solidário com os adversários. A deputada Sandra Starling confessa que o deputado até avisava quando ia passar o “trator”, mas olhava nos olhos e transmitia o que ia acontecer. Miro Teixeira, líder do PDT na Câmera afirmou de forma contundente no velório que Luiz Eduardo era o adversário perfeito, porque não enganava. Jogava limpo.

As características e as virtudes do deputado percebem-se ao longo de sua trajetória política em vários episódios e em momentos cruciais da política baiana e nacional. Momentos como chefe do gabinete do então governador da Bahia, na primeira eleição para deputado estadual, quando se formou em direito, quando presidiu a Assembléia Legislativa da Bahia – ALBA, quando exerceu o mandato de deputado federal e presidiu a casa e até os momentos da sua morte momentos que transparecia uma verdade e na prática era outra.

Como nada é eterno neste patamar do nosso planeta terra, Luiz Eduardo Magalhães morreu de infarto aos 43 anos, na data histórica – morte de Tiradentes, líder da inconfidência mineira- 21 de abril de 1998, às 20 horas, no auge de sua carreira política no começo de sua campanha para o Governo do Estado da Bahia, considerado imbatível nessa batalha eleitoral. Quando também se especulava que ele seria o nome mais forte na sucessão de Fernando Henrique Cardoso em 2002.

Foi enterrado em Salvador no dia 22 de abril de 1988, em uma quarta feira. Seu corpo foi velado no Congresso Nacional no dia anterior. As contradições na vida política do deputado -parecia uma coisa e era outra- aconteceram também no episódio da sua morte. Ele era hipertenso, gostava de carne vermelha, fumava três carteiras de cigarro por dia, usava bebida destilada, demonstrando assim o descuido com a saúde. No entanto, nos últimos tempos mudou os hábitos, passou a fazer caminhada, chegando a emagrecer 10 quilos. Só não atendeu ao pedido médico para fazer exame, no coração. Acabou sendo feito na UTI depois do infarto. Os médicos que viram as imagens comentaram que ele tinha o coração de um idoso com seis lesões na coronária esquerda e quatro do lado direito.

Para entender melhor a desconstrução de ACM na política a partir da perda de LE basta ver na importante e recheada trajetória política em vinte anos e a biografia do mesmo. Casado com Michelle Marie Pimentel em 1976 e pai de três filhos – Paula, Carolina e Luiz Eduardo Filho, foi estudante secundarista no Colégio 2 de Julho, formado em Direito pela Universidade Federal da Bahia de 1975 a 1981. Entrou na política –aos 18 anos - como oficial de gabinete do pai, então governador da Bahia em 1973, logo depois tornou-se chefe de gabinete da primeira secretaria da Assembléia Legislativa da Bahia – ALBA no mandato do deputado estadual Helio Correia (1975). Em 1979, foi eleito deputado estadual pela antiga Aliança Renovadora Nacional (Arena). Obtendo a maior votação na história da Bahia até hoje 125.338 votos. Exerceu o mandato de deputado estadual por dois mandatos de 1980 a 1984. De 1985 a 1989, no segundo mandato presidiu a ALBA. Foi também deputado federal (1986) Partido da Frente Liberal (PFL) No segundo mandato foi Presidência da Câmera de 1995 a 1997, assumiu a presidência da republica algumas vezes, temporariamente, com discrição, no governo FHC.

A ARENA depois virou Partido Democrático Social (PDS) depois Partido da Frente Liberal (PFL) hoje Democratas (DEM).
Dos Democratas aos Comunistas

Quando eleito deputado estadual pela primeira vez procurou se estabilizar com as bancadas governista e oposicionistas. Priorizava seus pares de bancada para começar a criar liderança internamente e depois ampliava para o restante da Assembléia Legislativa da Bahia-ALBA. Nesse sentido ele assume a Comissão de Reforma da Constituição e Justiça, a Comissão de Finanças e Orçamento, a Comissão de Meio ambiente depois foi escolhido pelos seus pares para ser o vice-líder do PDS, depois Presidente da ALBA.

Logo no primeiro mandato, ainda no final da ditadura militar, -Governo do General Figuerêdo, -e no inicio de 1980, o deputado já matinha uma linha de relação com os movimentos democráticos organizados. Foi assim com o movimento estudantil. Os estudantes baianos se organizavam para participar do congresso da UNE - a entidade ainda estava na ilegalidade – a comissão organizadora procurou o deputado e ele conseguiu um ônibus para o levar a delegação da Bahia até o Paraná local onde aconteceu o congresso.

Foi assim também com o movimento sindical. No ano de 1984 acontecia uma eleição no Sindicato dos Bancários da Bahia, duas chapas de oposição ao regime militar disputavam e ele ajudou na infra-estrutura a chapa encabeçada pelo funcionário do Banco do Brasil Beraldo Boaventura, ex-preso político e membro do PCB, antigo Partidão.

Quando se tornou Presidente da Assembléia Legislativa da Bahia de 1983 a 1986, a capacidade de compreender a política aumentou e certa vez soube de uma prisão de militantes do Partido Comunista do Brasil (PC do B), em uma delegacia em Salvador, foi até lá com a autoridade de Presidente do Legislativo baiano e protestou contra o absurdo da polícia e do governo do estado. Nesta época o governador do estado era João Durval Carneiro, representante do carlismo e do mesmo partido dele.

Neste período também ajudou a fundar o PFL – partido fundado a partir de um racha da convenção do PDS que elegeu Paulo Maluf para o colégio eleitoral. Os fundadores deste partido apoiaram na convenção o militar Mario Andreazza. No Colégio Eleitoral o PFL apoiou Tancredo Neves entre os articuladores baianos desta candidatura estavam ACM e Luiz Eduardo.

Ainda como presidente da ALBA presenciou dois movimentos radiante e contagiante do povo brasileiro que foi a luta pelas diretas em 1984 –embora não tenha sido vitoriosa –e a campanha de Tancredo Neves (PMDB) no Colégio Eleitoral, derrotando a ditadura militar. Os militares apoiaram Paulo Maluf (PDS). ACM apoiou Tancredo e se tornou um dos oradores mais ovacionados nos comícios, foi assim em Goiânia, comício com mais 200 mil pessoas ele foi o mais aplaudido.

Na Câmara Federal

Eleito em 1986 deputado federal constituinte, sendo que o primeiro ano constituinte e o restante do mandato de quatro anos como deputado, no início do mandato foi escolhido líder do PFL na câmara mostrando assim sua tendência a liderança nacional.

Participou da sessão presidida pelo Ministro José Carlos Moreira Alves que elegeu Ulisses Guimarães presidente da Quinta Assembléia Nacional Constituinte com 455 votos. Assembléia esta que tirou oito comissões temáticas, 24 subcomissões e uma comissão de sistematização presidida por Afonso Arino (PFL-RS) no final Luiz Eduardo foi membro efetivo pelo fato de ser bacharel.

Como constituinte fez um pronunciamento favorável à limitação do papel do Estado na economia com o objetivo de por fim a concorrência governo federal e iniciativa privada. Defendeu ainda nesse pronunciamento a privatização das empresas estatais, as flexibilizações das leis trabalhistas com a retirada de direitos antigos foi contrário à presença do Estado no sistema financeiro e favorável à independência do Banco Central. Afirmou “O Brasil precisa com urgência de um Banco Central independente com diretores e conselheiros providos de mandatos”.

Foi escolhido entre seus pares para liderança do bloco político dentro da Constituinte denominado “CENTRÃO”. Defendeu que o Brasil rompesse com o nacionalismo exacerbado e que o país devia abrir a economia ao capital estrangeiro. Foi favorável ao direito de greve e da jornada de 40 horas semanais.

Enquanto deputado constituinte aprovou a Constituição Federal colocando já naquela época um aparte que avisava da necessidade de fazer revisões no futuro próximo. Depois de promulgada a Carta Magna, Luiz Eduardo criticou a mesma denominando-a de prolixa e de atrasada em relação ao mundo global que se avizinhava.

No segundo mandato de deputado federal (triênio 1991 – 1994), deu continuidade a sua forma de fazer política em defesa da modernização do Estado rumo ao desenvolvimento e ao mundo globalizado. Assumiu a Comissão de Tributação e Finanças. Nesta comissão defendeu a privatização das empresas estatais brasileira. Fez parte também das comissões de Desregulamentação da Economia e da Comissão especial de Antecipação do Plebiscito sobre a forma de governo. Ainda fez parte da Comissão Especial de Regulamentação do Sistema Financeiro Nacional em 1992

Foi líder do governo de Fernando Collor de Melo e votou contra o impeachment do “caçador de marajás”, apoiou o Plano Real e a candidatura FHC para presidente da República, sendo um dos articuladores da coligação com o PFL.

O impeachment de Collor imposto pelos “caras-pintadas” foi qualquer dos piores momentos do deputado LE. Ele percebeu que a maioria dos seus pares estava favorável à saída de Collor do Planalto e sentia a sensação de ficar isolado ou perder força junto aos colegas. ACM era governador da Bahia e lhe pressionava para não abandonar o barco e ficar até o final. O deputado Pedro Alcântara chegou a testemunhar um telefonema entre os dois combinando para votar contra o impeachment, porque o povo não gosta de traição -palavras de ACM.

O Brasil vivia um momento de turbulência pós-confisco da poupança, o chamado “Plano Collor”. Plano esse que pegou milhões de brasileiros que aplicaram seus proventos na poupança. Muitos deles tinham vendido imóvel, carro para comprar outro e ficaram na rua sem casa para morar e sem carro para andar porque o governo confiscou o dinheiro.

Surge então uma denuncia na revista Veja em março de 1992 de tráfico de influência envolvendo funcionários de alto escalão do governo e de um suposto esquema de corrupção. Denúncia essa que partiu nada mais nada menos do irmão do Presidente, Pedro Collor de Mello.

A partir daí instala-se a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) no Congresso Nacional para investigar o assunto. A denuncia aponta para PC Farias tesoureiro de campanha do caçador de marajás Collor para presidente da república. A revista Isto é do mês de junho do mesmo ano coloca em suas páginas uma entrevista com o ex-motorista da secretária do presidente, Francisco Egberto, afirmando que as despesas pessoais eram pagas por PC.

Esta entrevista agrava mais a situação do presidente Collor e aumenta a mobilização popular nas ruas. No dia 29 de setembro de 1992 é votado em uma sessão histórica o impeachment de Collor e aprovado. O presidente se afasta temporariamente da Presidência da República em 02 de outubro e seu vice Itamar Franco assume o comando do Palácio do Planalto.

Posteriormente, em 29 de dezembro do mesmo ano, o processo é julgado, e a Câmara Alta do Congresso Nacional declara procedente a denuncia. Collor é condenado à pena de inabilitação por oito anos para o exercício de função pública. Foi neste contexto que LE viveu seu primeiro mandato de deputado federal.

Sobre essa polêmica Luiz Eduardo se pronunciou na sessão do dia 29 de setembro dizendo que acatava a decisão da maioria, mas não aceitava eventuais pecados cometidos e era a favor do direito amplo de defesa para Fernando Collor de Melo.

Já como presidente da Câmara no terceiro mandato de deputado federal, em 1995, foi responsável direto pela aprovação de 656 matérias, sendo entre elas catorze emendas constitucionais oriundas do governo FHC em dois anos. Comandou uma votação polemica - o governo tinha como prioridade a quebra do monopólio do petróleo e a oposição tinha como questão de honra a soberania nacional. Luiz Eduardo segurou com “mão-de-ferro” a reeleição de Fernando Henrique e acabou aprovando em 1997.

Percebendo que a maioria dos deputados era favorável as reformas constitucionais proposta pelo Executivo, – FHC passou a colocar diretamente no plenário em vez do colégio de lideres, usando assim uma prerrogativa do presidente da Câmara.

Preocupado com a imagem da Câmara no episódio da cassação do deputado Sérgio Naia, (o homem do edifício Palace II) suou frio na votação achando que passaria a não cassação chegou a comentar com seu colega de bancada Benito Gama: “aqui todo dia é uma emoção”.

Relacionava-se dentro da Câmara com todos os setores, até o baixo clero que é passível de pedidos assistenciais, pedidos de favores esdrúxulos, favores pessoais e pedido de emprego na câmara. Confessou para seus aliados mais próximos que quando o pleito deles não é atendido é logo acusado do querer roubar mais. Essa relação com o baixo clero servia de termômetro para ele atender pedidos em votações difíceis como à emenda de reeleição para presidente.

Ainda no mandato de presidente da Câmara teve atuação destacada na aprovação de vários projetos e emendas, entre eles o da Reforma da Previdência que estabelece a aposentadoria por tempo de contribuição que na opinião do deputado isso diminuiu o déficit público. Outro projeto foi à extinção em julho de 1996 do Instituto de Previdência dos Congressistas, (IPC) mesmo contando com resistência dos colegas de Parlamento.

Encerrou seu mandato de presidente da Câmara em 1997 e foi escolhido para ser líder do governo FHC. No ritual de passagem da entrega do cargo de presidente todos os líderes de partido fazem a ultima saudação. Todos foram unânimes na afirmação da conduta democrática de Luiz Eduardo. Alguns mais enfáticos como os deputados Marcelo Deda (PT) e Haroldo Lima (PC do B).

Marcelo Deda comentou que não votou nele para presidente é sempre teve atritos nas divergências ideológicas, mas lembra da votação do projeto Helio Bicudo a respeito do julgamento dos policiais militares pela Justiça comum quando ocupava a tribuna. LE chamou ele para pedir que declarasse que se ele pudesse votar votaria a favor. Isso demonstrou o espírito democrático ao tratar dos direitos humanos.

O deputado Haroldo Lima reafirmou as divergências nas questões da política de globalização que existe entre os comunistas e os pefelistas, portanto entre eles. Depois relembrou dois encontros que teve com ele na Bahia. Um foi numa recepção no Aeroporto 2 de julho, que Luiz Eduardo como presidente da ALBA fez a João Amazonas, então presidente do P C do B quando chegava do exílio e a Haroldo quando saía dos cárceres da ditadura. Outro encontro foi quando a sede do partido comunista no bairro de Nazaré estava sendo invadida pela Policia Federal, Luiz Eduardo foi prestar solidariedade.

Em março de 1998 se lançou oficialmente como candidato a governador da Bahia na eleição de outubro do mesmo ano. Dois meses em campanha faleceu. Sua maior virtude era o poder de articulação que adquiriu desde menino na escola do pai e na vida política em geral. O fato de ouvi muito todos os lados e de cumprir os acordos com os adversários dava a ele o rótulo de bom articulador.

Sua maior virtude era o poder de articulação que adquiriu desde menino com o pai e na vida política em geral. A vivacidade para negociar, o conhecimento da política nos bastidores, nas relações com adversários e o fato de ouvi muito todos os lados e de cumprir os acordos, dava a ele o rotulo de bom negociador e isso provavelmente, deixou um vácuo ou uma lacuna na vida política do carlismo na Bahia e até nos rumos do PFL nacionalmente.

As eleições para prefeito em Salvador em 2004 quando César Borges disputou e perdeu para João Henrique, e em 2006 quando Paulo Souto perdeu para Wagner, talvez não fossem assim com a presença do deputado LE.

O fato de ouvi muito todos os lados e de cumprir os acordos com os adversários dava a ele o rotulo de bom articulador.

Quando chegou à Câmara Federal foi recebido como o filho de Antonio Carlos Magalhães e o provável herdeiro do trono de mais um coronel. Enfrentando assim uma barreira para mostrar sua personalidade diferenciada do pai. Na Bahia, já havia mostrado isso quando estabeleceu canal de conversa com o principal adversário de ACM, o governador Waldir Pires.

Depois de exercer o mandato de deputado federal foi logo responsável de colocar seu pai, então governador da Bahia, na articulação com o Presidente Fernando Henrique e a partir daí surge à aliança PSDB E PFL.

O nome de LE era cotado para ser o vice na chapa FHC em 1994 e era o sonho de seu partido e do seu pai, no entanto ele tinha a vontade de continuar na Câmara para avançar no processo político interno da Casa, questão essa que era uma “cachaça” para o deputado demonstrando visão própria. Tarsso Jereissati governador do Ceará comentou que isso foi uma demonstração de coragem ele queria ser presidente da câmara. Concorreu e deu de lavada.

A verenação de ACM pelo filho LE começa desde criança quando nas fotos de família aparece com ele no colo e aumenta muito com a entrada dele na política e vira uma obsessão depois da morte. Percebe-se a angústia e a ansiedade de ACM para fazer o busto na paralela, mudar o nome da ALBA para Luiz Eduardo Magalhães, para mudar o nome do aeroporto e emancipar Mimoso do Oeste com o nome de Luiz Eduardo Magalhães.

ACM compensa a falta do filho, colocando o nome dele em obras e lugares importantes da sociedade que, como bom político, sabe que foi a maior derrota que ele sofrera para futuros embates políticos. Nesse sentido ele tenta satisfazer a síndrome do repasse de sua vida política para ele. Foram com essa compreensão que muitos membros da sua bancada no interior da Bahia colocaram nomes em vários colégios, ruas, avenidas e outros.

Mimoso do Oeste ganhou com esta política.

Mimoso passou a ser distrito de Barreiras em 03.12.l987, através da lei 395 de 1997, e em 30 de março de 2000 vira cidade de Luiz Eduardo Magalhães, pela lei 7619.00 da deputada estadual Jusmari de Oliveira. Em 2004, tinha uma população de 21.454 habitantes e em 2007 passa para 44.265, hoje estimada em 50 mil habitantes mais que dobro de habitantes de quando era distrito.

Devido à atenção dobrada do governo do Estado e a capacidade de atrair migrantes, hoje o município tem uma vida própria invejável. A maioria da população se comporta nos hábitos alimentar e na língua falante diferente do povo baiano devido à maioria dos migrantes virem do Sul do país.

A cidade de Luiz Eduardo tornou-se um dos mais importantes pólos de agro-negócio do Brasil tem um cultivo de mais 270 mil hectares, só a soja ocupa 175mil hectares, o restante, é o milho, o algodão e frutas tipo exportação.

Pela posição privilegiada no mapa, tem ajudado a trazer negócios de altas cifras para o município. Ela se localiza entre Tocantins e Goiás, no entroncamento da BR-020 com a BR-242.

Um potencial agrícola muito forte atraiu para a cidade quatro bancos e quatro mil empresas na área de negócios, envolvendo comércio, indústria, hotéis, 20 delas é multinacional. Na cidade tem lojas de tratores, máquinas de insumos agrícolas grifes de roupas finas, restaurantes de luxo e grandes hotéis. A cidade é a décima economia do estado da Bahia. É responsável por 60% da produção de grãos do estado

O município é sede do Bahia Farm Show, um evento de equipamentos de alta tecnologia destinado ao agronegócio. É um dos maiores produtores de aves da Bahia, atingindo a produção do número um milhão de aves por mês. Mesmo assim a população reclama ainda da infra-estrutura, do saneamento, da saúde e da organização da cidade enquanto planta baixa.

Solidariedade aos familiares de Luiz Eduardo

Depois de 10 anos passados 21 de abril 1998, em uma solenidade organizada para resgatar a memória do deputado Luiz Eduardo Magalhães, políticos de vários matizes discursaram lembrando as qualidades dele. Mario Negromonte, presidente do Partido Progressista, ressalta que ele transformou o Congresso Nacional em um palco de concórdia, era um gênio da articulação.

O senador Tarsso Jereissati falou no ato lembrando que se estivesse vivo estaria com 53 anos e o que ele teria feito nestes 10 anos. Ele era amigo-irmão. Ele foi deputado estadual com 23 anos e presidente da Câmera Federal com 39 anos. Obteve sucesso com um sem número de votações que mudaram o país. Deixou legado e um estilo especial de fazer política, foi um articulador incansável.

Participou ainda da solenidade o ministro da Integração Nacional, Gedel Vieira Lima,
O senador Marcos Maciel, o comerciante Clarindo Silva, os parentes senador Antonio Carlos Magalhães Junior, Deputado ACM Neto e a esposa, Renata Magalhães e o marido e mais de trezentos populares.

Foi exibido um vídeo com depoimentos de várias personalidades, entre eles o senador do Amapá José Sarney, depondo quando estava junto com o senador Antonio Carlos Magalhães aguardando noticias pela recuperação de Luiz Eduardo e o médico disse... ”Não deu”, lembrou emocionado e no final foi tocado o Hino Nacional Brasileiro.

A avaliação de setores que compunham a coordenação da campanha de Lula desde 1989 era de que em 2004, se o candidato da coligação PSDB-PFL fosse o deputado Luiz Eduardo Magalhães, seria muito difícil o PT ganhar a eleição. Nesse sentido é que Jereissati analisa o que teria feito Luiz Eduardo se estivesse vivo.

Hoje, o nome de Luiz Eduardo está colocado em vários lugares de destaque e está registrado na história do Brasil. Graças as homenagem dos aliados de ACM e seu planejamento numa demonstração do quanto era importante para ele. Nesse sentido é possível avaliar que a queda do carlismo e a morte de ACM passaram por vários setores, sendo a perda de Luiz Eduardo a que mais abalou o senador: “Minha família e a Bahia sempre foram e sempre serão a minha maior razão de viver”.

Utilizando o adágio popular, o projeto de Cabeça Branca “deu com os burros n’aguas”. O filho seria governador com o vôo certo para o Palácio do Planalto se não fosse à tragédia da morte. Para um homem como ACM, que constituiu sua vida política calcada em estar no poder e ver essa oportunidade cair por terra, poderia ter sido isso que levou o senador a ficar acometido de uma emoção de alto índice de desgosto e angústia ao ponto de ter abalado a saúde do coronel forte e ávido que ele sempre foi.